Querido Papai Noel,

Tudo bem que já passei um pouco da idade, mas não dizem por aí que a gente nunca deve deixar de ser criança? E também, quem nunca sonhou em conhecer o Papai Noel? Eu não fujo a regra.

Papai Noel, primeiro eu quero te agradecer por ser responsável por algumas das lembranças mais legais da minha infância. Lembra da bicicleta? Nossa, ainda posso sentir o coração batendo acelerada quando acordei e encontrei do ladinho da minha cama aquela bicicleta vermelha, linda! Fiquei tão feliz, mas tão feliz, que nem meu braço engessado impediu que eu saísse desbravando aquela casa enorme [porque quando se tem três, quatro anos, qualquer lugar é enorme]. E tenho pensado tanto nessas coisas esses dias. Nessas coisas que ficaram lá pra trás, naquele tempo que qualquer coisa podia virar uma brincadeira. Era bom... Mas aí, o tempo passou. E as coisas mudaram. Eu também mudei, né? Cresci e agora vou me casar. Casar, Papai Noel, casar. Isso tem um peso tão grande, é uma responsabilidade que me assusta. Embora tenha sido uma decisão muito bem pensada e eu me sinta a pessoa mais feliz do mundo porque vou ter, para sempre, ao meu lado um cara mais bacana que o Príncipe Encantado da Cinderela, ainda busco alguma coisa que lembre o tempo da infância, algo onde eu possa me agarrar. Não tenho mais a bicicleta vermelha. Nem as brincadeiras de criança. Então, Papai Noel, isso nem é coisa que se peça, mas o que eu queria mesmo era um pouco mais de coragem. Ou melhor, um pouco menos de medo. Um pouco menos de medo das coisas que estão acontecendo e das que estão por vir.

Se você não tiver isso pra me dar, Papai Noel, pelo menos torce por mim.

Um beijo e feliz natal!